Startup de IA Que Usava Engenheiros Humanos em Vez de Robôs Pede Falência

A startup de inteligência artificial Builder.ai, sediada em Londres e que chegou a ser avaliada em 1,5 bilhão de dólares com apoio de investidores como a Microsoft, entrou com um pedido de insolvência no final de maio de 2025. A empresa, que prometia simplificar a criação de aplicativos a um nível comparável a “pedir uma pizza” através de uma suposta IA chamada “Natasha”, colapsou após a revelação de que a maior parte do trabalho era, na verdade, realizada manualmente por cerca de 700 engenheiros na Índia. Este desfecho expôs uma prática conhecida como “AI washing”, onde o uso de inteligência artificial é exagerado ou falsificado para atrair investimentos e clientes.

As suspeitas sobre a Builder.ai, anteriormente conhecida como Engineer.ai, não são recentes. Uma reportagem do The Wall Street Journal de 2019 já havia levantado dúvidas sobre a veracidade da tecnologia da empresa, indicando que a dependência de desenvolvedores humanos era muito maior do que a admitida. Apesar das alegações iniciais, a startup continuou a operar e a captar centenas de milhões de dólares em financiamento. Documentos e relatos de ex-funcionários confirmaram que a plataforma tinha pouca ou nenhuma capacidade de automação real, funcionando como uma fachada para o trabalho manual da equipe de engenharia.

O colapso da Builder.ai foi precipitado por uma combinação de fatores, incluindo a incapacidade de se recuperar de “desafios históricos e decisões passadas”, conforme comunicado da própria empresa, e a exigência de pagamento de um empréstimo substancial. O caso transformou-se num exemplo emblemático dos riscos do ciclo de euforia em torno da inteligência artificial, servindo como um alerta para investidores sobre a necessidade de uma análise rigorosa das alegações tecnológicas das empresas. A situação também levantou um debate mais amplo sobre a transparência e a ética no setor de tecnologia, onde a pressão para apresentar avanços em IA pode levar a práticas enganosas.

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