O Dia em que Alcolumbre Ocupou a Mesa do Senado por 7 Horas em 2019

Em fevereiro de 2019, o então candidato à presidência do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), protagonizou uma das mais longas obstruções da história recente da Casa. Para se contrapor ao seu principal adversário, Renan Calheiros (MDB-AL), Alcolumbre ocupou a cadeira de presidente da Mesa Diretora e permaneceu sentado por aproximadamente sete horas. A ação, apoiada por outros senadores, tinha como objetivo impedir que a sessão de votação fosse conduzida sob as regras que, segundo seu grupo, favoreceriam Calheiros, gerando um impasse que paralisou os trabalhos legislativos.

A raiz do confronto foi a disputa sobre a modalidade da votação. O grupo de Alcolumbre defendia um pleito com voto aberto, enquanto os aliados de Calheiros se amparavam em uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinava o voto secreto. O impasse levou Alcolumbre a tomar a medida drástica de ocupar fisicamente o comando da sessão para forçar uma nova negociação das regras. A obstrução foi um movimento de pressão para garantir que a eleição ocorresse de forma aberta, o que, na sua avaliação, consolidaria sua vitória ao expor o voto dos senadores.

A tática de obstrução se mostrou eficaz para os objetivos de Alcolumbre. Após horas de paralisação, a sessão foi suspensa e adiada para o dia seguinte. No novo pleito, após a retirada da candidatura de Renan Calheiros em protesto, Davi Alcolumbre foi eleito presidente do Senado com 42 votos. O episódio demonstrou como uma manobra de obstrução pode ser decisiva no resultado de disputas políticas internas do Legislativo.

Anos depois, em um novo contexto político, o senador Davi Alcolumbre, agora em posição de comando em comissões importantes, passou a criticar táticas de obstrução utilizadas pela oposição. Em declarações recentes, classificou a ocupação de mesas diretoras como um “exercício arbitrário” e contrário aos princípios democráticos, uma posição que contrasta diretamente com o método que ele mesmo utilizou para chegar à presidência do Senado em 2019.

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